
Análise: Vale mais ser deputado do que ministro no Brasil
O episódio em que o União Brasil, o partido mais rico do país, recusou um ministério no governo Lula fala por si só para quem busca entender a política brasileira atual.
Duas semanas após informar o próprio presidente que indicaria um deputado para a pasta, o partido decidiu não participar do governo. Esse movimento reflete uma mudança significativa no jogo de poder em Brasília: hoje, são os ministros que pedem recursos aos parlamentares, e não mais os parlamentares que solicitam favores aos ministros, como era comum no passado.
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Essa inversão é uma consequência clara dos bilhões em emendas parlamentares que, nos últimos 10 anos, passaram a ser controlados de forma crescente pelo Congresso — um cenário que Lula não conseguiu reverter, mesmo após nomear seu ministro da Justiça para o Supremo Tribunal Federal em uma tentativa de fortalecer sua influência.
A recusa do União Brasil em integrar o governo é ainda um péssimo indicativo para a administração atual, pois, no mundo político, nenhum partido embarca em um navio que parece prestes a naufragar. O episódio evidencia a fragilidade do governo diante de um Congresso cada vez mais autônomo e poderoso.